Este blog foi produzido com as constribuições dos alunos das turmas de 1ª serie do prof Aurelio Fernandes.

Reforma Protestante e Contra - Reforma

Olhem que interessante...

Esquema

CONTEXTO HISTÓRICO
- Abusos da Igreja Católica : luxos e gastos / desrespeito às regras / venda de Indulgências / despreparo dos padres

Igreja Católica condenava os lucros e a riqueza à descontentamento da burguesia
- Interferência na política dos reis

Martinho Lutero à contra a venda de perdão /
criticou a Igreja católica
à criou a Igreja Luterana
à condenava o comércio
à teve o apoio de reis e príncipes

João Calvino
- Criou o Calvinismo
- Predestinação
- aprovava o lucro e a riqueza através do trabalho
- apoio dos comerciantes

A Contra-Reforma Católica

- O Concilio de Trento
- Decisões para combater o avanço protestante:

- Tribunal da Inquisição: combate aos "infiéis"
- Index de Livros Proibidos
- Companhia de Jesus à jesuítas para divulgar e espalhar a religião católica

Livros sobre a Reforma Protestante

A Reforma Protestante - Coleção O Cotidiano da História
Autor: Veiga, Luiz Maria
Editora: Ática

Lutero e a Reforma Religiosa - Coleção Para Conhecer Melhor
Autor: Klug, Joao
Editora: FTD

Do Cativeiro Babilônico da Igreja - Coleção A Obra - Prima de Cada Autor
Autor: Lutero, Martinho
Editora: Martin Claret

Da Liberdade do Cristão
Autor: Lutero, Martinho
Editora: UNESP

A Contra-Reforma
Autor: Davidson, N S.
Editora: Martins Fontes

A Instituição da Religião Cristã - Tomos 1 e 2
Autor: Calvino, Joao
Editora: UNESP

Reformas Religiosas
Autor: Luizetto, Flávio
Editora: Contexto

Da Reforma a Contra-Reforma
Autor: Seffner, Fernando
Editora: Atual Editora

A Contra-Reforma
Autor: Mullett, Michael A.
Editora: Gradiva

João Calvino (10/07/1509 - 27/05/1564)

João Calvino fundou o Calvinismo, uma forma de Protestantismo cristão, durante a Reforma Protestante. Esta variante do Protestantismo seria bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os Afrikaners), Inglaterra, Escócia e EUA. Nasceu em Noyon, Picardia, França, com o nome de Jean Cauvin. A transposição do nome "Cauvin" para o Latim (Calvinus) deu a origem ao nome "Calvin" pelo qual ele é conhecido. Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, orando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça. Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade. Para muitos, Calvino terá sido para a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã - uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais directa, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana. Citando Bernard Cottret, biógrafo (francês) de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, percursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo".

Nyon

O avô de João Calvino trabalhava numa cantina em Point-l'Évêque, nas proximidades de Noyon. Teve três filhos: Richard, que foi serralheiro e se instalou em Paris, Jacques, igualmente serralheiro e, finalmente, Girard Cauvin, pai de João Calvino, que foi aquele que talvez mais se destacou dos três, tendo feito carreira em Nyon como funcionário administrativo. Girard Cauvin estabeleceu-se em Noyon em 1481. Foi inicialmente um simples secretário da chancelaria. Seria, depois, advogado representante do bispado de Nyon; mais tarde, funcionário relacionado com a cobrança de impostos e, finalmente, o promotor (representante) do bispado, antes de entrar em conflito com este. Faleceu em 1531 após uma disputa com o bispado, pela qual foi excomungado. A autorização para o seu funeral seria deveras dificultada devido a esta querela. A mãe de Calvino, Jeanne Le Franc, de seu nome de solteira, era filha de um dono
de uma hospedaria em Cambrai, que tinha enriquecido. Jeanne faleceu em 1515, quando João Calvino tinha apenas 6 anos de idade.

Girard e Jeanne tiveram quatro filhos:

Charles, o mais velho, foi padre. Faleceu em 1536.
João Calvino. Antoine - Iria mais tarde viver em Genebra, junto do irmão.
François - Morreu ainda em tenra idade.

Haveria ainda duas irmãs, que nasceram do segundo casamento de Girard. Uma chamou-se Maria e iria também viver em Genebra. Da outra irmã sabe-se pouco. João Calvino nasce a 10 de julho de 1509, nos últimos anos do reinado de Luís XII. Freqüentou inicialmente o "Collège des Capettes" em Nyon, onde adquiriu conhecimentos básicos de latim. Em 1 de Janeiro de 1515 o rei Francisco I de França (François, roi des françois), sucedeu a Luís XII. Inicialmente moderado em matéria de religião, a postura deste rei foi endurecendo ao longo do seu reinado, terminando na perseguição declarada dos protestantes. Pela Concordata de Bolonha, assinada no início do seu reinado, o papa Leão X concedia ao rei da França o direito a nomear os titulares dos rendimentos da igreja. Em contrapartida, o Papa via reforçados os seus direitos sobre a Igreja em França.

Em 1529, pouco antes de atingir os vinte anos de idade, a vida de Calvino sofreu uma súbita viragem. Tendo vindo inicialmente para Paris com uma renda anual concedida pela Igreja, com o fim de estudar Teologia, ficará a saber que o pai mudou de planos em relação ao seu futuro e quer que ele siga Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino. Cumpriu a vontade do pai e foi estudar Direito para Orleães, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da Teologia). Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho da Teologia.
Em Orleães, Calvino foi influenciado pelo seu professor Pierre de l'Estoile. Em 1529, dirige-se também a Bourges, para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciati, onde também assiste a aulas do alemão Gräzist
Wolmar, que o entusiasmou pela literatura grega da antiguidade. Em 1529, Louis de Berquin foi queimado vivo em Paris, numa altura em que o rei, Francisco, estava fora da cidade.
Em 1531, Calvino, num prefácio ao livro de um amigo, toma partido pelo seu professor Pierre de l'Estoile num texto que explora a disputa entre este e Andrea Alciati, talvez por lealdade e nacionalismo. O que prova que o Calvino de
1531 ainda não é um reformador mas, acima de tudo, um humanista. Neste mesmo ano morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino vai a Bourges, a Orleães e regressa de novo a Paris, onde se instala em Chaillot.

Até 1532 não há, como se viu, qualquer indício de que Calvino tenha aderido à nova fé - nos seus diferentes focos e graus que surgem pela Europa - onde o Luteranismo surge como um movimento mais moderado e os anabaptistas como uma força mais radical.
A conversão de Calvino ao protestantismo permanece envolta em mistério. Sabe-se apenas que ela se deu entre 1532 e 1533 (Calvino tem 23 ou 24 anos). Um texto escrito por Calvino em 1557 como prefácio ao seu comentário sobre os salmos oferece-nos alguns parcos pormenores: "Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefato, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo
contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte,
contrariando o meu caráter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

Note-se que a França e Alemanha não existiam no sentido de hoje mas sim em termos de zonas de língua francófona ou alemã. Entretanto, o papa Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantes franceses. Em bulas de 30 de Agosto de 1533 e de 10 de Novembro do mesmo ano, o papa exortava à "aniquilação da heresia Luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontram-se, então, nesse mesmo ano, em Marselha, onde discutem entre outras coisas a "guerra contra os turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".
Em 1534, Calvino escreve o seu segundo livro, que será também o primeiro sobre religião. Chamar-se-á Psychopannychia" e é relativamente pouco conhecido, em comparação com as outras obras de Calvino. Calvino faz uma crítica severa aos anabaptistas, que acusa de serem uma seita tresmalhada. O livro coloca questões teológicas, mais do que oferecer respostas. Calvino, nos seus 24 anos de idade, está em processo de busca. Defende a imortalidade da alma. O título completo era: "Psychopannychia - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabaptistas. Apesar de escrito em 1534, o livro
seria apenas publicado em 1542.

Genebra nos dias de hoje, uma das cidades mais ricas do mundo 1536 é também o ano da chegada de Calvino a Genebra. Calvino tem nessa altura 26 anos. Após a estadia em Ferrara, na Primavera de 1536, Calvino tinha estado em Paris, aproveitando-se de um período de relativa calma na perseguição aos protestantes. Tratou de assuntos pessoais e da família. Em junho faz em Paris uma procuração em nome do seu irmão. Em Julho de 1536, João Calvino, pretendendo dirigir-se a Estrasburgo, inicia a viagem, juntamente com o irmão Antoine e a irmã Marie. Em vez de tomar o caminho mais curto, Calvino faz um desvio pelo sul, evitando a área onde a guerra entre as forças de Francisco I e Carlos V são uma ameaça. Por coincidência, Calvino chega a Genebra, onde permaneceu, apesar de ter inicialmente pretendido continuar viagem, o que foi vivamente desaconselhado pelo reformador Guillaume Farel (na altura de 47 anos de idade). O caminho para Estrasburgo encontrava-se inseguro por causa da guerra. A Genebra que Calvino
encontra vive ainda a agitação dos conflitos entre Mamelucos e Confederados. João Calvino já tinha viajado até Estrasburgo durante as guerras otomanas, e passado através dos cantões da Suíça. A quando da sua estadia em Genebra, Guillaume Farel pediu ajuda a Calvino na sua causa pela igreja. Calvino escreveu sobre este pedido: "senti como se Deus no céu tivesse colocado a sua poderosa mão sobre mim para barrar-me o caminho"". 18 meses depois, as mudanças de Calvino e Farel levariam à expulsão de ambos.

A saída atribulada de Genebra

A 16 de Janeiro de 1537, as autoridades da cidade de Genebra aprovam o documento escrito pelo líder protestante Farell, que se destina a servir de confissão de fé e orientação para todos os habitantes de Genebra. Calvino faz também algumas sugestões, parte das quais são rejeitadas. Cerca de vinte artigos dispõem, entre outras coisas, que os idolatras, querulantes, assassinos, ladrões, bêbados (entre outros) sejam futuramente excomungados. As lojas devem fechar ao domingo, assim que soem os sinos da missa. Estas disposições, apesar de aceites pelas
autoridades vão criar atritos com Farell e Calvino. O estigma da excomunhão é extremamente discriminador e destruidor de relações sociais no século XVI. Em Março, os líderes anabaptistas de origem holandesa Hermann de Gerbihan e Benoît d'Anglen são expulsos de Genebra, juntamente com os seus seguidores. Em Abril de 1537, por sugestão de Calvino, é constituido um "syndic" (síndico) que tem por objectivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos moradores. A ação é contestada. Alguns moradores recusam-se a pronunciar-se sobre a sua fé. Em
junho de 1537 as autoridades de Genebra decidem que o Domingo é o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriado será considerado. 30 de Outubro é definido como o prazo para todos os moradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que não reconhecem os decretos de Farell são obrigados a deixar a cidade em 12 de Novembro. Após esta data, a situação complica-se para Farell e Calvino. Particularmente provocante é o fato de um estrangeiro (francês), como Calvino, decidir sobre a excomunhão e expulsão de habitantes naturais de Genebra. As autoridades, perante estes protestos, passam a ser mais críticas para com os líderes protestantes. A 3 de Fevereiro de 1538 são eleitos para as autoridades da cidade de Genebra 4 pessoas que são inimigos de Calvino e dos protestantes. Em Março, estas novas autoridades proíbem Calvino e Farell de se pronunciarem sobre assuntos não religiosos.

FALECIMENTO

Nos seus últimos anos de vida, a saúde de Calvino começou a vacilar. Sofrendo de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e pedras nos rins foi, por vezes, levado carregado para o púlpito. Calvino continuava a ter detractores declarados que lhe dirigiam ameaças constantes. Entretanto, apreciava passar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as
escrituras e bebendo vinho tinto. No final de sua vida disse a seus amigos que estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê? Querem que o senhor me encontre ocioso quando ele chegar?" João Calvino faleceu em Genebra a 27 de Maio de 1564. Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, conforme o seu próprio pedido.

Lutero - Um poema de W. H. Auden

Tradução de José Paulo Paes

Consciência pronta a ouvir o ronco do trovão,
Viu o Diabo no vento, todo atarefado
Entrar em campanários, passar sob o vão
Da porta de freiras e doutos em pecado.

O desastre, de que modo evitá-lo, como
Aparar o espinheiro dos enganos do homem?
Carne, um cão silente a morder o seu dono;
Mundo, um lago mudo que os filhos seus consome.

O estopim do Juízo queimava em sua mente:
“Fumiga esta colméia de abelhas, Senhor:
Tudo – obras, Sociedades, Grandes Homens – mente.
O Justo viverá pela fé...” gritou, temente.

E quem, homem e mulher do mundo, o temor
Ou zelo nunca atormentou, ficou contente.

Biografia Martinho Lutero

Martinho Lutero nasceu a 10 de novembro de 1483 no centro da Alemanha, em Eisleben, Turíngia/Alemanha. Seus pais, João e Margarida, eram pobres – João era mineiro e lenhador – porém não iletrado, de modo que puderam dar-lhe boa orientação educacional. Visando a melhorar a vida econômica, fixaram residência, em 1484, em Mansfeld, onde Martinho iniciou seus estudos. Terminando o curso da escola daquela localidade, então com 14 anos, deixou a casa paterna e ingressou na escola superior de Magdeburgo. Depois de um ano ali, teve que retornar à casa paterna acometido de grave enfermidade, indo por esta razão, no ano seguinte, estudar em Eisenach. Três anos cursou o colégio de Eisenach. Em 1501 ingressava na Universidade de Erfurt, cidade conhecida como “Roma Alemã” pelo número de suas igrejas e mosteiros. Obteve ali os graus de Bacharel (1502) e Mestre em Arte (1505). No mesmo ano ingressou no curso de Direito.

Este, porém, foi interrompido visto que, a 02 de julho de 1505, regressando da casa paterna, teve sua vida seriamente ameaçada por uma tempestade que, por pouco, lhe tirara a vida. Fez, nesta oportunidade, um voto a Sant’ana que, se lhe fosse dado viver, ingressaria no mosteiro para tornar-se monge. No dia 17 de julho de 1505 as portas do convento da Ordem dos Agostinhos fechavam-se atrás dele.

Sacerdote

Em fevereiro de 1507 foi ordenado sacerdote. Vivia, no entanto, em completo desespero, buscando, dias e noites a fio, em tremendos tormentos espirituais, resposta à pergunta: “De que maneira conseguirei um Deus misericordioso?” Reconheceu muito logo que jamais seria possível obter certeza de sua salvação mediante boas obras, pela impossibilidade de saber se são suficientes, mormente em se tratando de uma alma de consciência extremamente sensível.

Professor

Por indicação do vigário da ordem, João de Staupitz, que reconhecia em Lutero urna erudição e inteligência incomuns, Lutero foi designado professor na Universidade de Wittenberg, fundada em 1502 por Frederico, o Sábio, duque da Saxônia e presidente dos sete eleitores civis que, juntamente com sete autoridades religiosas, elegiam o imperador do Sacro Império -Romano da Nação Alemã. Ocupou ali a cadeira de Teologia. Continuou também seus estudos, instruindo-se principalmente nas línguas gregas e hebraica. A 09 de março de 1509 obteve o grau de Baccalaureus Biblicus.

Viagem a Roma

Em 1511, então com 28 anos, foi enviado em missão diplomática a Roma, para solucionar uma divergência entre sete conventos de sua Ordem e o vigário geral da mesma. A corrupção, imoralidade, as zombarias, o desrespeito do clero e da cúpula da igreja para com as coisas sagradas marcaram nele uma profunda decepção. Embora profundamente entristecido, as esmagadoras desilusões sofridas não o levaram a descrer de sua igreja.

Doutor em Teologia

Em outubro de 1512, recebia, das mãos do decano da faculdade de Teologia, o grau de Doutor em Teologia. Assumiu, a seguir, a cadeira de Lectura in Bíblia lecionando, à base das línguas originais, o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo Testamento, incorporando conquistas do humanismo na ciência da interpretação de textos. Ainda em 1512, foi eleito subprior do convento de Wittenberg. Em maio de 1515, o cabido geral reunido em Gotha o designava vigário do distrito, que compreendia onze conventos sob sua orientação e autoridade.

Preleções

As suas preleções eram tão concorridas que a elas acorriam estudantes de todas as partes e países vizinhos. Os professores assistentes também aumentavam. O reitor da Universidade chegou a declarar, como que em antevisão: “Este frade derrotará todos os doutores; introduzirá uma nova doutrina e reformará toda a igreja; pois ele se funda sobre a palavra de Cristo, e ninguém no mundo pode combater nem destruir esta Palavra…” (Melchior, Adam. Vita Lutheri, p. 104). Ocupando o púlpito, a capela logo não mais podia comportar os assistentes. O senado o convidou então a ocupar a igreja paroquial da cidade.

Justificação pela fé

Nos seus conflitos espirituais, o texto bíblico que lhe trouxe a luz da verdade e a paz de consciência veio a ser a célebre passagem da Epístola aos Romanos (1.17), em que o apóstolo cita o profeta Habacuque: “0 justo viverá por fé” Viu que São Paulo fazia do sacrifício de Cristo o centro da verdade em religião. Seus pecados, angústias, sofrimentos haviam caído sobre os ombros de Cristo na cruz; Cristo fizera o que ao pecador teria sido impossível fazer com suas penitências e méritos pessoais.

As Teses

Em 1517, Lutero quis provocar um debate público sobre a venda de indulgências promovidas pelo Papa Leão X e o arcebispo Alberto de Mogúncia através da Ordem dos Dominicanos. Quando pregou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses em latim para serem debatidas entre os acadêmicos, conforme o costume da época, não desejava desencadear um movimento na história da igreja. Era o pároco que, preocupado, via como as almas dos fiéis eram desnorteadas por um grande escândalo, descaradamente apregoado em nome da santa Igreja: a venda do perdão de Deus, como se fosse mercadoria, por meio de cartas de indulgência, cujo lucro se destinava ao término da basílica de São Pedro e à cruzada contra os turcos. Seu principal proclamador era o dominicano Tetzel.

Eis algumas das teses apresentadas por Lutero: – Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos… etc., pretendia falar da vida interior do cristão que deveria ser um contínuo e ininterrupto arrependimento (Tese I) – Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório (Tese 27) – Todo o cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indigência (Tese 36) – Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências e o próprio papa oferecessem sua alma como garantia (Tese 52) As proposições sobre as indulgências eram completadas por algumas outras, que continham o que viria a ser fundamental na doutrina luterana: – Aos olhos de Deus, não há na criatura senão concupiscências; – Ninguém se salva senão pela graça de Deus através da fé. O efeito dessas teses foi tão inesperado, que elas não ficaram entre os letrados; traduzidas ao alemão, em poucas semanas se espalharam por toda a Alemanha e outras partes da Europa, chegando ao conhecimento do povo em geral.

Reação de Roma

Em 1518, Roma tratou de liquidar o caso do monge de Wittenberg. Lutero foi chamado para responder processo em Roma, dentro de sessenta dias. Mas, por interferência de Frederico, o Sábio, Príncipe da Saxônia, o Papa consentiu que a questão fosse tratada em Augsburgo, pelo Cardeal Cajetano. Este exigia simplesmente que Lutero se retratasse, o que este, naturalmente, não fez. Tinha Lutero nessa época o apoio do capítulo da Ordem dos Agostinhos e do corpo docente da Universidade de Wittenberg. Cajetano declararia depois dos três encontros com Lutero: “Ele tem olhos que brilham, e raciocínio que desconcertam”.
O Papa temia suscitar oposição cerrada entre os príncipes alemães. Valeu-se, para que isso não acontecesse, da diplomacia. Condecorou o protetor de Lutero, Frederico, o Sábio, com a “Ordem da Rosa Áurea da Virtude” para afastá-lo de Lutero, e enviou o conselheiro Karl von Miltitz. Este conseguiu, com brandura, que Lutero escrevesse uma carta ao papa, declarando sua fiel submissão; mas reafirmou, também, sua doutrina da justificação pela fé somente, sem os méritos de obras. Expôs e defendeu sua posição num debate com o Dr. João Eck em Leipzig. O que precipitou o rumo das coisas foi sua declaração de que nem todas as doutrinas de João Hus (queimado como herege em Constança, em 1415) eram falsas, e que os concílios são passíveis de erros em suas decisões. Isto o colocou à margem da igreja papal, que se fundamentava sobre a infalibilidade do papa e dos concílios.

Primeiros Escritos

Em 1520 escreveu três livros fundamentais mostrando o antagonismo do sistema de salvação papal e o ensino bíblico: “À Sua Majestade Imperial e à Nobreza Cristã sobre a Renovação da Vida Cristã”,- “Sobre a Escravidão Babilônica da Igreja” e “Da Liberdade Cristã” ‘ Alguns de seus pensamentos-chave aí registrados são estes: – “0 cristão é um livre senhor sobre todas as coisas e não submisso a ninguém – pela fé”; “o cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos – pelo amor”. “Não fazem as boas obras um bom cristão, mas um bom cristão faz boas obras”.

Excomunhão
A resposta do Papa foi a bula de excomunhão Exsurge Domine. Tinha ainda 60 dias para retratar-se do que havia escrito e ensinado. Em 03 de janeiro de 1521 esgotou-se o prazo dado na bula, sendo então proferido o anátema definitivo, pela bula Decet Romanum Pontificem.

Dieta de Worms

Em 1521 reunia-se a primeira Dieta ou Assembléia do império, presidida pelo jovem imperador Carlos V, eleito em 1520, em sucessão a Maximiliano, para dirigir o reino “em que o sol não se punha”. Lutero, intimado, compareceu diante da assembléia em 15 2 1. Perguntado se renunciava ao que tinha escrito, respondeu: “Não posso, nem quero retratar-me, a menos que seja convencido do erro por meio da palavra bíblica ou por outros argumentos claros. Aqui estou; não posso de outra maneira! Que Deus me ajude. Amém”.

Tradução do Novo Testamento

Proscrito pelo imperador, foi posto em segurança pelo duque Frederico, através de um seqüestro simulado de cavaleiros embuçados, durante sua viagem de retomo, e escondido no Castelo de Wartburgo, nas proximidades de Eisenach. Sua principal realização nesse período foi a tradução do Novo Testamento grego para um alemão fluente de grande aceitação popular. Os primeiros 5 mil exemplares esgotaram-se em 3 meses. Em cerca de dez anos houve 58 edições. Em 1522, com risco de vida, reassumiu as funções de professor em Wittenberg. Juntamente com Felipe Melanchthon (cognominado Praeceptor Germaniae – educador da Alemanha), seu grande amigo e colaborador, instruiu centenas de estudantes alemães, boêmios, poloneses, finlandeses, escandinavos.

Guerra dos Camponeses

Marcou o ano de 1525 a Guerra dos Camponeses – uma revolução armada em que os camponeses, sob federação, reivindicaram mais liberdade aos latifundiários. Em seus objetivos políticos sociais idealizaram Martinho Lutero como chefe. Confundiram reivindicações políticas com aspirações religiosas. Lutero, embora compreendendo suas necessidades, viu-se forçado a distanciar-se do movimento porque não era política a missão dele. A carnificina, com batalha final em Frankenhausen, trouxe prejuízos ao movimento da Reforma. Mas esta, a despeito de todos os abusos praticados em seu nome, se expandia. Lutero procurava consolidar as igrejas e escolas que haviam aderido à Reforma em território alemão e países vizinhos. Neste mesmo ano (1525) casou-se com uma ex-freira, Catarina de Bora, de cujo casamento lhes nasceram 6 filhos.

Tradução do Antigo Testamento

Não houve, assim, apesar dos esforços, uma maneira de restabelecer a unidade na igreja e no império. Em 1534 Lutero terminava uma tarefa em que havia trabalhado mais de 10 anos: a tradução do Antigo Testamento para o alemão. No mesmo ano pode-se publicar, então, a Bíblia completa.

Enfermidade e Morte.

Os últimos dias de Lutero tornaram-se difíceis devido a problemas de saúde. Com freqüência tinha acesso de melancolia profunda. Apesar disso era capaz de trabalhar tenazmente. Em 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben, teve um ataque do coração, vindo a falecer.

Quiz sobre Reforma Protestante

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Mapas

A Revolta Camponesa de Thomas Munzer e Martinho Lutero

“Assim como, nas relações sociais e políticas gerais daquela época, os resultados de qualquer modificação tinham de redundar necessariamente em proveito dos príncipes e aumentar o poder deles, assim também a Reforma burguesa, quanto mais ela se separava dos elementos plebeus e camponeses, tanto mais tinha de cair sob o controle dos príncipes reformados. O próprio Lutero tornou-se cada vez mais o servo deles, e o povo sabia muito bem o que fazia ao dizer que ele tinha se transformado num lacaio dos príncipes e ao persegui-lo a pedradas em Orlamunde.

Ao estourar a guerra camponesa, e isso em regiões onde príncipes e nobres eram na maioria católicos, Lutero procurou assumir uma atitude conciliadora. Atacou decididamente os governos. Eles é que seriam culpados do levante por suas opressões; não os camponeses estariam se levantando contra eles, mas Deus mesmo. O levante também seria ímpio e contrário ao Evangelho, era dito do outro lado. Finalmente, ele aconselhou a ambos os partidos que fizessem concessões e se reconciliassem amigavelmente.

Mas o levante, apesar desses conselhos bem-intencionados e reconciliadores, estendeu-se rapidamente, atingiu até regiões protestantes dominandas por príncipes, senhores e cidades luteranos e cresceu rapidamente para além da reforma “razoável”. Nas cercanias mais próximas de Lutero, Turíngia, a fração mais radical dos insurretos, sob o comando de Munzer, estabeleceu o seu quartel general. Mais alguns êxitos e toda a Alemanha estaria em chamas, Lutero estaria cercado, talvez executado como traidor, e a Reforma Burguesa seria arrastada embora pela revolução camponesa-plebéia. Não havia mais o que pensar. Ante a revolução, todas as antigas inimizades foram esquecidas; em comparação com as hordas de camponeses, os servidores de Sodoma romana eram inocentes cordeiros, mansos filhos de Deus; e burgueses e príncipes, nobre e padrecas, Lutero e o Papa se uniram “contra as hordas assassinas de camponeses assaltantes”.

“É preciso despedaçá-los, degolá-los e apunhalálos, em segredo e em público, quem possa fazê-lo, como se tem de matar um cachorro louco!”, gritava Lutero. “Por isso, prezados senhores, quem aí o possa, salve, apunhale, bata, enforque e, se morrer por isso, morte mais feliz jamais há de poder alcançar.”

Nada de ter falsa piedade com os camponeses. Confundem-se a si mesmos com os insurretos aqueles que se apiedam daqueles de quem Deus mesmo não se apieda, mas que Ele quer ver punidos e perdidos. Depois, os próprios camponeses hão de aprender a agradecer a Deus se têm de entregar uma vaca para poderm usufruir a outra paz; e os príncipes hão de conhecer, através da rebelião, qual é o espírito do populacho, que só pode ser governando pela violência”

Trecho de “Os grandes agrupamentos de oposição e suas ideologias – Lutero e Munzer”, In Marx e Engels; seleção de textos, São Paulo, Ed. Ática, 1983, p.244.

LUTERO: O FILME

Este artigo pretende mencionar, de maneira sucinta, alguns dos principais momentos do filme LUTERO, recentemente lançado no Brasil. Para àqueles que se interessarem pelo assunto, vale a pena conferir o filme, apresentado sem grandes alardes por parte da mídia nacional. Afinal o Brasil é um dos maiores países onde a religião predominante é o catolicismo. Talvez seja também por esta razão que os cinemas não "arriscaram" em divulgá-lo com tanta veemência, como tem feito em outros gêneros. É importante não esquecermos que as informações mencionadas a seguir, estão completamente embasadas no filme.

Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Em sua primeira missa, Lutero obteve um desequilíbrio emocional. Na verdade, dúvidas que pairavam em sua mente, começaram a ganhar força. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação, como veremos a seguir:

A visão de Lutero Quanto as Indulgências da Igreja Católica

Lutero doutorado em teologia, embora tentasse, não conseguia compreender alguns dogmas da Igreja para com seus súditos. Como por exemplo, a "oferta" de indulgências aos fiéis, em torça da salvação de suas almas do purgatório. Lutero fora para Roma conhecer de perto o centro do Catolicismo. Diante de uma enorme fila para ficar de frente o crânio do João Batista, exposto no interior da Capela Sistina. Depois de ficar por um momento diante de tal imagem, Lutero envolveu-se em outra fila, diante de uma enorme escadaria, neste lugar, qualquer fiel que tivesse interesse em livrar ou amenizar seus pecados, encurtar sua passagem pelo purgatório, deveria pagar um determinado valor. O procedimento era depositar moedas na caixa dos clérigos, distribuídos em uma enorme bancada estabelecida ao lado da escadaria. Lutero encarou tal "desafio" tendo de rezar uma determinada oração a cada degrau, até o topo. Quando Lutero depositou a moeda, um clérigo lhe disse: "seu avô agora será livre do purgatório, suba e reze a cada degrau". Quando Lutero chegou ao topo da escadaria, deparou-se com outras imagens que trariam "benefícios espirituais" para aqueles que às adquirisse.

Lutero Volta de Roma

Martin Lutero voltou de Roma, logo depois de presenciar o "comércio de indulgências" oferecido pela Igreja Católica, aos fiéis. Completamente decepcionado com a postura da Igreja, Lutero sentia-se atormentado pelo Diabo, e, em várias oportunidades acreditava que poderia conversar com o Diabo.

Lutero passou a estar convicto de que a Igreja comportava-se de um modo não harmonioso com os dizeres expressos na Palavra de Deus. Quando suas indagações atingiam momentos críticos em sua cabeça, ele costumava (geralmente madrugada a dentro) "conversar" com o Diabo, condenando-o por querer lhe provocar por meio de tentações constantes, em detrimento de sua postura frente à procura pela "verdade".

Lutero refletiu muito quando voltara de Roma, onde pode visualizar com seus próprios olhos cenas polêmicas referentes às atuações dos "representantes de Deus". Martin identificou, por exemplo, a existência de prostíbulos "específicos" para monges, centenas de pessoas entregando o pouco que possuíam para seu sustento em nome da "salvação" pregada pelos lideres católicos.

Lutero segundo o Príncipe Frederico

Fundador da Universidade, Frederico III sempre mostrou admiração por Lutero, talvez por sua enorme habilidade e dedicação presente em suas aulas, seja também por meio de seu profundo conhecimento teólogo, etc. O Príncipe defendeu e protegeu Lutero mesmo em momentos delicados de sua vida, como veremos adiante. Outro aspecto elogiado com referência a Lutero, condizia com sua coragem presente em sua trajetória de indagações à Igreja Católica.

A Visita de Tetzel em Wittenberg

Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa.

As 95 Teses de Lutero

Logo após a conclusão das 95 teses, Lutero pregou-as pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material. Essas teses estavam compostas de algumas dimensões conceituais, conforme vemos abaixo:

" Teses aceitáveis ao Catolicismo
" Teses demagógicas
" Teses que supõem o conceito luterano de justificação
" Teses que procuram reconhecer o magistério do Papa
" Teses que denotam termos sarcásticos

Lutero e o Papa Leão X

Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente.

"Julgamento" das 95 Teses de Lutero

Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Lutero ficou escondido em nos arredores da Universidade, foi também neste momento que Lutero tomou a decisão de traduzir a Bíblia para a língua alemã.

Lutero Traduz a Palavra de Deus em Língua Alemã

Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado.

O Impacto da Postura de Lutero na Alemanha

Matin Lutero sem dúvida, provocou uma verdadeira reforma religiosa, inclusive na Alemanha. Muitos acompanharam suas idéias e deixaram para trás as doutrinas "sugeridas" pela Igreja Católica. Houve grandes confrontos entre protestantes e católicos, inúmeras pessoas morreram. A Catedral de Wittemberg não escapou da devassa dos revoltosos. Lutero pôde presenciar os estragos após a "guerra santa" em Wittemberg desencadeada e liderada por seu amigo professor da Universidade. Martin jamais admitira que o ocorrido fora em conseqüência do que ele pregava. Pois suas ideologias estavam, segundo ele, embasadas no verdadeiro amor de Cristo não em desrespeito, violência e revolta.

O Casamento de Lutero com Katharine

Logo após o conflito, algumas Freiras fugiram duma cidade distante com destino a Enfurt. Uma delas era Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Katharine foi além, casou-se com Martin e teve filhos. Tal fato, desafiando mais uma vez os líderes católicos. A "cúpula" que compunha o reinado de Carlos V deu total apoio negando-se a condenar Lutero com o herege, foi uma verdadeira vitória para aqueles que apoiavam as idéias luteranas.

Conclusões

Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Após seu casamento, ele ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos. Muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam na sociedade alemã e em todo mundo.

Recomendo para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da vida deste corajoso protestante, a assistirem "LUTERO". Um filme que está disponível nas melhores locadoras do país.

Em tempo, podemos nos perguntar, conforme mencionamos no início deste artigo. Porque será que esta obra cinematográfica não vivenciou o mesmo processo de divulgação como em outros "sucessos" das "telonas"? Descubra você mesmo.

Elenco Principal:

Martim Lutero (Joseph Fiennes)
Katharine Von Bora (Claire Cox)
Tetzel (Alfred Molina)
Príncipe Frederico III (Peter Ustinov)
Papa Leão X (Owe Ochsenk Neecht)
Carlos V (Torben Liebremcht)



Veja o filme clicando aqui


As reformas religiosas

Nesta teleaula você verá porque a Igreja Católica começou a ser criticada com o fim da Idade Média. Além disso, aprenderá quem foi Martinho Lutero e como a Igreja reagiu e se reorganizou com a Contra-Reforma.